Ele é considerado como “o melhor marketeiro de todos os tempos”. Há um número incontável de histórias sobre seus acessos de raiva e teimosia, mas também sobre a sua impressionante visão inovadora, sua personalidade inspiradora (para alguns) e seus métodos revolucionários em tudo, desde produto até a marca.
Desde quando eu comprei o meu primeiro produto da Apple quando tinha 12 anos de idade, o Apple II, eu quis trabalhar para “o cara que fez aquilo”. Eu abandonei a faculdade após ter conseguido um trabalho na NeXT e fui da cidade de Winnipeg para a ensolarada Califórnia. Naquele tempo eu não podia apontar onde era o Vale do Silício no mapa, mas eu sabia pelo meu instinto que era para lá que queria estar.
Eu comecei a minha carreira na NeXT, e depois fui para a Apple. O tempo que passei lá construiu fundamentos não somente para a minha carreira empreendedora, mas também para o meu DNA empreendedor. Era a cultura das empresas de Steve Jobs que fez construiu a maior parte desse desenvolvimento. Claro, existia um “ar de medo” que eu não concordava de maneira alguma, mas eu saí daquela empresa tendo aprendido lições que eu implementei em minhas outras empresas.
Aqui estão algumas das lições principais que eu aprendi e são relevantes para qualquer um que esteja querendo começar no ramo do empreendedorismo.
1. Contratação é xadrez, e não damas.
Quando fui na minha primeira entrevista na NeXT, eu fiquei impressionado com a quantidade de detalhes e procedimentos envolvidos. Foi precisa e criativa. Eles sabiam exatamente o que eles queriam, mas haviam formas extramente criativas para fazer com que a verdadeira habilidade e ideologia do candidato transparecesse. Era uma máquina eficiente para selecionar o melhor dos melhores, para uma das melhores empresas do Vale.
Quando criei a minha primeira empresa, Hipbone, se tornou aparente o motivo que Steve Jobs gastava tanto tempo e energia para contratar um funcionário. É claro que você quer pessoas habilidosas desenvolvendo o seu produto, mas é muito mais complexo do que isso. Assim como o ditado popular: “a maré que sobe eleva todos os barcos” (ditado em inglês referente a economia, que se ela melhorar, todos melhoram). Quando você tem um grande talento, isso inspira outros a produzir também ótimos trabalhos. Por outro lado, uma pessoa sem talento pode repelir as pessoas mais talentosas que você precisa.
Gaste o tempo que for necessário quando estiver contratando. Meça a habilidade dos candidatos dando-lhe problemas para resolver. Descubra quem eles são, como vivem a vida e, mais importante, o que eles querem da vida.
Lembre-se: muitas pessoas são entrevistados excelentes, mas empregados medíocres.
2. Mantenha a simplicidade.
A primeira demonstração que apresentei para o Steve, em 5 minutos me ensinou mais sobre como desenvolver produtos do que 5 anos. Ele não fez perguntas, não pediu introdução e nem manual…nada. Ele simplesmente foi para a nossa mesa e começou a usar o produto. Se não era simples ou intuitivo o suficiente para ele aprender a mexer sem pedir ajuda, o produto era normalmente rejeitado.
Pense sobre qualquer produto feito pela Apple: você abre a caixa, liga e começa a usar na hora. Todos os detalhes destes produtos era premeditado, organizado e desenhado para ser o mais simples possível.
Este conceito é duplo: produtos simples são obviamente fáceis de usar, e aumenta a chance de ter usuários que compram novamente da mesma marca. Se você tem um produto simples, as pessoas ganham a habilidade para se tornarem facilmente experts em usar o produto. Permita que os usuários descubram o valor de seu produto, e deixe eles se tornarem experts com facilidade, porque geralmente aqueles que são experts em seus produtos, são os seus maiores fãs. Você terá que trabalhar duro para elaborar as suas idéias de forma simples e clara. Mas a partir do momento que você consegue, você poderá mover montanhas.
3. Seja a solução que traz um grande valor.
A Apple foi uma das primeiras empresas a oferecer para as pessoas uma solução compreensível, não apenas o produto. Você não está comprando a placa mãe de uma empresa, o processador de outro e a placa de vídeo, monitor e HD de outros fabricantes. Na Apple, todas estas partes vem de um mesmo lugar. É uma solução, não apenas o produto, e isso é algo que se tornou um dos pilares da minha empresa, Vendini. Nós somos capazes de adicionar muito mais valor oferecendo uma solução completa do que um simples produto.
A abordagem fragmentada está diminuindo. As pessoas estão escolhendo produtos e serviços que oferecem uma solução completa, como muitos produtos que trabalham juntos para maximizar a eficiência como um todo.
4. Deixe os seus funcionários brincarem na caixa de areia.
Nem tudo que aprendi com Jobs era baseado em coisas em que eu concordava. A maior parte da minha empresa agora é baseada em alguma coisa que eu não concordo.
Jobs era uma pessoa extremamente leal, e exigia que seus funcionários compartilhassem esta lealdade. Mas isso levou a uma cultura onde os funcionários tinham medo de expressar interesses além da NeXT, se estes interesses tivessem alguma coisa a ver com concorrentes. Mas como engenheiros, nós estávamos constantemente tentando aprender coisas novas e nos desafiando para criar coisas novas. Um amigo meu quase foi demitido porque ajudou um outro amigo a desenvolver um projeto (no seu tempo livre, apenas por diversão) que era de um concorrente. Uma vez eu ganhei um concurso, o Java Cup, e fiquei aterrorizado com a possibilidade de Steve Jobs descobrir e me demitir na hora, como aconteceu com alguns antes de mim.
As coisas não deveriam ser assim. Se você está contratando a pessoa certa, elas serão curiosas. Isso é uma coisa boa. Se um de nossos desenvolvedores estiver interessado e uma nova linguagem de programação, eu pagarei pelo curso. Não fará mal se implementarmos algumas idéias de hardware que um funcionário criou em outro lugar. Deixe os seus empregados brincar la fora; muitas vezes a inspiração vem de misturas e combinações.
Começar é difícil, e é fácil ficar sobrecarregado. Mas algumas vezes você deve apenas diminuir a velocidade, ser seletivo e fazer as coisas de maneira simples. No fim das contas, era isso que Steve Jobs fazia.