Um custo de vida baixo e uma cultura experiente em tecnologia são duas das muitas razões que fazem os empreendedores iniciarem as suas startups no Chile.
Rio e Buenos Aires podem atrair muita atenção na América do Sul, mas quando se trata de uma vida fácil na região, Santiago é difícil de superar. A capital chilena tem ganhado novos atrativos, graças a metamorfose cultural trazida pelo seu bicentenário aniversário em 2010. Nesta época, a cidade investiu milhões na construção de elegantes arranha-céus, centros culturais, e parques ecológicos para modernizar o centro da cidade.
O cenário de startup em Santiago — apelidado carinhosamente de Chilecon Valley (em alusão ao Silicon Valley) por investidores globais — também tem ganhado força nos últimos cinco anos, graças a Start-Up Chile, um programa criado em 2010 que conta com o apoio do governo.
O Start-Up Chile oferece aos estrangeiros $40.000 de investimento e estadia de seis meses, além de apoio e escritório grátis — contanto que os participantes concordem em serem mentores de seus pares Chilenos. A ideia, diz Torsten Kolind, (funcionário na área de admissão na Start-Up Chile e co-fundador e CEO da YouNoodle) é criar uma rede global para importar empreendedores estrangeiros na esperança de que eles inspirem os empreendedores do Chile.
Até agora, parece funcionar: até Junho de 2014, o programa atraiu mais de 12.000 candidatos de 112 países e selecionou 810 candidatos de 65 países diferentes. Destes, 132 empresas escolheram permanecer no Chile e já trouxeram mais $26 milhões em investimentos — ajudando o Vale do Silício Sul-americano alcançar o topo da lista das “Cidades Globais do Futuro” da revista Inc.
Claro que nem todas as startups nascidas no Chile querem crescer lá, já que cidades mais afastadas contam com certas desvantagens. Sabendo destes problemas, aqui estão alguns prós e contras para criar a sua startup em Santiago ao invés de partir pro berço mundial das startups na California.
1. Uma vibe Californiana
Os dias quentes e noites geladas lembra o clima de São Francisco. E a infraestrutura moderna — a condição das estradas são excelentes para os padrões Sul-americanos — o que torna ainda mais parecido. “A vantagem mais significante é que é um lugar familiar para mim.Chile é provavelmente o país mais ‘americanizado’ da America Latina. A infraestrutura é moderna, e o metrô é limpo e eficiente”. Tendo morado lá desde 2008, Layne acrescenta que o choque cultural é mínimo.
2. O preço é justo
Em um mercado da America do Sul como Santiago, o seu dinheiro dura mais, diz John Njoku (fundador da startup Kwelia, que participou do programa em 2012). “Nós sempre brincamos que nos sentimos mais ricos do que éramos no nosso país”. ele diz. Não é somente a moradia que é mais em conta do que em hubs tecnológicos como São Francisco ou Nova Iorque, mas também os custos de sair e se alimentar são muito menores. Você não se preocupa com os problemas de fluxo de caixa gerados no primeiro ano da criação da empresa.” E isso não é uma coisa irrelevante quando se está criando uma startup.
3. Governo Transparente
Não é apenas o sistema tributário Chileno que é mais fácil de entender do que qualquer outro da America Latina, diz Skinner, a taxa de tributação corporativa é a menor entre os países da OCDE. A burocracia é “bem transparente” também, significando que “não existe suborno para fazer negócios”, diz Skinner, e a política permanece consistente. Apesar de ter que enfrentar muitas filas, coisa que pode fazer americanos acharem absurdo e ilógico, “você terá que lidar com apenas 10% dos complicados processos como o do Brasil e Argentina”, Skinner diz.
Observação: Pequenos empresas podem ser criadas em apenas um dia. “Após uma suave transição para a democracia em 1988, o governo se manteve muito estável” diz Skinner. Há relativamente poucas interferências na liberdade de expressão e imprensa, talvez porque o Chile tem a segunda menor taxa de corrupção da América Latina, perdendo apenas para o Uruguai.
4. Uma Cultura de Aversão ao Risco
Entretanto, Diego May, o argentino co-fundador da Junar, uma plataforma open data para empresas, diz que se você se promover bem e conseguir investimentos, você chamará atenção de bons engenheiros — desde que você consiga oferecer emprego por pelo menos um ano.
5. Poucos Fundos Focados em Tecnologia
Apesar de Diego escolher fundar a Junar em Santiago por causa do crescimento do ecossistema de startups, conseguir investimento foi outro problema: “[Sua empresa tem] algumas vantagens em ser criada no Chile, mas quando você quer fundos de empresas como Andreessen Horowitz e outras, é difícil porque você não é empresa do Vale do Silício, mudar isso não é fácil”. diz ele. Apesar de Junar ter uma grande equipe, nem todos falam Inglês, e dizer para investidores que seu produto é baseado no Chile não é “fácil de vender”, também. “Crescer é um problema”, Diego diz, se referindo ao desafio de passar da fase de startup. “Eu diria que essa é a desvantagem mais relevante”.
Também se tratando de empresários há escassez de fundos focados em tecnologia (Kolind assegura que isto está mudando, entretanto). Enquanto o Vale do Silício tem existido por três décadas, os fundos Chilenos tem investido apenas há cinco ou seis anos. Para startups, isso frequentemente significa baixa avaliação —“o que traz implicações quando você quer entrar nos EUA”. Diego diz — e menor controle nos estágios iniciais, em uma época os os empreendedores realmente precisam testar as suas ideias. “O controle que os investidores querem ter no estágio inicial é maior do que você esperaria de fundos privados ou estágio de crescimento.” Diego diz.
Apesar de ele ter conseguido o levantamento de fundos de investidores-anjos em 2010 na América Latina, as coisas não melhoraram até o começo de 2011, quando a Austral Capital e investidores-anjo da Argentina, Costa Rica, e EUA, investiram $1.2 milhões. “Se você comparar uma startup do Vale do Silício com uma do Chile, a startup do Vale do Silício será iniciada mais rápida do que aquela do Chile.” Diego diz. “No Vale do Silício, você não precisa ensinar os investidores sobre as condições e expectativas”.
Brasileiros que fazem parte do startup Chile
Os sócios das brasileiras selecionadas na segunda fase do Start-Up Chile contam o que esperam
CONQUISTAR A AMÉRICA LATINA > “Fizemos a inscrição não só pelo apoio financeiro, mas porque já era nossa estratégia a expansão para outros países da América Latina”, diz Frederico Skwara, sócio da Bússola do Investidor. “Teremos acesso a mão de obra qualificada, investidores e presença no dia a dia do mercado que queremos explorar, além do networking. BÚSSOLA DO INVESTIDOR |
TER ACESSO A MENTORES > “O acesso a mentores e investidores, o ambiente de trabalho multicultural e a premiação em dinheiro me motivaram. O governo chileno está empenhado em transformar o país em um polo mundial de inovação. Como a Checkout10 está em fase final de desenvolvimento, o timing foi perfeito”, diz o fundador e diretor da empresa, Thiago Cardoso. CHECKOUT10 |
GANHAR VISIBILIDADE INTERNACIONAL > “Espero ampliar o networking com potenciais parceiros e clientes, obter mais visibilidade internacional e conhecer melhor as diferenças entre os países. Quero superar barreiras culturais para aumentar a amplitude do meu negócio, já que forneço serviços para empresas de vários continentes”, diz o fundador da DeskMetrics, Bernardo Porto. DESKMETRICS |
REDUZIR CUSTOS E GANHAR EFICIÊNCIA > “O Chile oferece um ambiente de negócios favorável. Queremos manter a operação comercial no Brasil, para aproveitar o mercado local, e basear as áreas de pesquisa e desenvolvimento e de negócios internacionais em Santiago, reduzindo custos e operando de maneira eficiente”, diz um dos sócios da GPNX, Manuel Guimarães Pinto Filho. GPNX |
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