Avaliar Empresa: Resultado Operacional e EBITDA

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Como analisar a viabilidade econômica de uma empresa baseado puramente nos resultados gerados por sua atividade original?

Como saber quanto a Ambev ganha apenas vendendo bebidas? Ou quanto a EZtec ganha apenas vendendo imóveis?

Se você respondeu: “analisando o Lucro Líquido”, saiba que está enganado.

O Resultado Operacional

Uma empresa pode ter lucro em sua atividade principal, mas ter prejuízo líquido no período por causa de operações com derivativos, por exemplo. Ou ela poderá estar muito endividada, e o seu lucro operacional ser “corroído” pelos juros da dívida, virando prejuízo líquido.

Em ambos os casos, apesar da empresa apresentar prejuízo líquido no fim do período, ela pode se mostrar capaz de lucrar em sua atividade original. E se esse resultado superar o custo de oportunidade do capital investido, a sua atividade será considerada viável economicamente.

O resultado operacional mede exatamente a viabilidade desse investimento, se o negócio está de fato remunerando aqueles que investiram o dinheiro na empresa, seja acionistas ou credores.

Um dos indicadores para avaliar o potencial puramente operacional do negócio é o EBIT, que significa Earnings Before Interest and Taxes, ou LAJIR (Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda). Pelo nome se percebe que ele não leva em consideração os juros, ignorando se a empresa financia suas atividades com dinheiro próprio, ou de terceiros, e o imposto de renda, que poderá distorcer o verdadeiro resultado da operação da empresa por causa de benefícios fiscais ou diferenças entre concorrentes (de outros países, por exemplo).

Resultado Operacional amplo e restrito.

O resultado operacional pode ser calculado em sua forma ampla e restrita.

O resultado amplo deixa de contabilizar apenas as despesas financeiras (juros, por exemplo). Contabilizando todas as outras despesas e receitas como de natureza operacional da empresa. Ele é geralmente adotado em diversas avaliações.

O resultado restrito é mais rigoroso. Ele restringe apenas à atividade objeto da empresa, isto é, aquela original. Exclui despesas com juros, e resultados que não seja de suas operações.

Resultado operacional e resultado “operacional” líquido

Muitas pessoas querem saber sobre o resultado operacional líquido. Na verdade não existe resultado operacional líquido, e sim resultado operacional e resultado líquido.  Que podem também serem chamados de lucro operacional ou lucro líquido.

Enquanto o resultado operacional ignora a “de onde veio” o capital da empresa, levando em consideração apenas a receita gerada pelo seu negócio, o resultado líquido contabiliza também as despesas financeiras, ou seja, aquelas que você tem ao pegar um empréstimo e financiamento. Pode-se dizer que a fórmula do resultado líquido é assim:

 

Resultado Operacional = Resultado Líquido + Despesas Financeiras

ou

Resultado Líquido = Resultado Operacional – Despesas Financeiras

EBITDA: uma forma de analisar o potencial de geração de caixa de uma empresa.

O EBITDA, é conhecido em português como LAJIDA, que traduzido significa “Lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.

Ele revela a capacidade ou potencial da empresa em gerar caixa, pois não é contabilizado a depreciação, amortização e exaustão.  A depreciação é uma despesa não desembolsável, ou seja, a empresa não precisa tirar dinheiro de sua conta para cobri-la. É meramente contábil.

Vale lembrar que de forma isolada, este indicador não revela muita coisa. Geralmente se confronta EBITDA com algum outro resultado para se ter melhor dimensão da geração de caixa. Como por exemplo a relação entre EBITDA e vendas, que você poderá comparar com outras empresas do mesmo setor. Ou a relação entre o EBITDA e as despesas financeiras, que irá mostrar quantas vezes a empresa foi capaz de gerar caixa no período em relação ao que ela teve que pagar de dívidas, e assim por diante.

O EBITDA não revela quanto de fato a empresa tem disponível em caixa, e sim o potencial de geração. Porque as receitas podem ser recebidas no próximo período, ou nem todos os custos e despesas contabilizados podem ter sido pagas. Lembre-se do regime contábil de competência.

Além disso, o EBITDA pode ser analisado de forma distorcida pois este indicador não mostra a necessidade de reinvestimento da empresa, em equipamentos, ou capital de giro. Então quer dizer que ele mostra o potencial de geração de caixa, mas não a quantidade de dinheiro que ficará livre no caixa em todo período, já que parte dele terá que ser direcionado para investimentos da empresa.

Toda empresa para se manter tem que reinvestir parte do dinheiro que ganha em sua própria atividade. Se uma empresa não fizer isso, ela quebra pois ficará sem capital de giro e terá que adquirir financiamento a juros altos, ficará sem equipamentos porque eles se tornarão obsoletos ou irão parar de funcionar.

A medida mais importante para medir o caixa que realmente vai estar disponível para a empresa se chama Free Cash Flow, (Fluxo de Caixa Disponível) pois ela é calculada APÓS ser calculada a quantidade de dinheiro que será necessária voltar para a (reinvestir na) empresa

EBITDA e o valor da empresa

Muitas vezes analistas fazem uso do EBITDA para avaliar uma empresa. Quanto maior o indicador, maior o valor de mercado. Mas deve-se tomar cuidado com este tipo de avaliação.

O EBITDA, por não considerar as despesas financeiras, pode passar a impressão que uma empresa altamente endividada seja eficiente. Sendo que muitas vezes o endividamento pode estar tão alto que seja irreversível!

Ele também ignora as depreciações do período, mas e se a empresa for um tipo de empresa que tem que fazer altos investimentos para se manter funcionando?

A atratividade de se usar o EBITDA para medir o valor da empresa, é pelo fato de ser uma medida global. Países tem diferenças alíquotas de impostos, políticas de juros e indicadores de vida útil dos ativos (depreciação). Ao excluir isso como faz o EBITDA, permite-se melhor comparação entre empresas de diferentes países.

Mas cuidado, indicadores isolados não podem servirem sozinhos para a análise de uma empresa. É necessário o conhecimento de vários deles para fazer comparações e conseguir analisar de forma mais ampla.

Cálculo do EBITDA

O EBITDA é calculado deduzindo-se das receitas operacionais de venda, todos os custos e despesas operacionais que são desembolsáveis no período. Aqueles que não são desembolsáveis, ou que a empresa não usa dinheiro para cobri-los, não são subtraídos da receita operacional de venda.

Outra forma de obter o EBITDA é somar ao lucro operacional antes do imposto de renda (EBIT / LAJIR) as despesas não desembolsáveis como a depreciação, amortização e exaustão.

Diferença entre EBITDA e EBIT

O EBITDA por não considerar despesas não desembolsáveis mede o potencial de geração de caixa, enquanto o EBIT, que considera estes itens, mede o quanto a empresa tem capacidade de lucrar com suas atividas. O EBIT é melhor (mas nunca deve ser a única ferramenta) para analisar a viabilidade econômica de um empreendimento.

 

 

 

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