O Tesouro Direto foi um dos melhores investimentos de 2015 e início de 2016, junto com LCI e LCA. Estes três tipos de investimentos são os responsáveis pela Poupança cada vez bater um novo recorde de retiradas. No primeiro trimestre de 2016 foram R$24,05 bilhões, segundo a Anefac.
Os investidores e poupadores estão migrando para um tipo de investimento que tem uma rentabilidade mais atraente. Até porque a Poupança bateu outro recorde – o de pior rentabilidade desde de 2002 – com um rentabilidade líquida negativa de 2,28% em 2015, enquanto dava para conseguir facilmente 5% ou mais de rentabilidade líquida em Tesouro Direto ou com as Letras de Crédito Imobiliário e Agrícola.
Mas o Tesouro Direto também conta com algumas desvantagens:
- Por causa do IOF incidido nos primeiros 30 dias fica completamente inviável vender antes deste prazo;
- Além disso, é recomendável vender com um prazo acima de 720 dias, que é quando você paga apenas 15% de Imposto de Renda sobre o lucro, ao invés dos 22,5% do primeiro ano.
É claro que se surgir uma boa oportunidade de investimento você não se preocupará em resgatar o título antes de um ano, ou até mesmo em um mês. Mas no segundo caso, o seu rendimento ficará abaixo da poupança, e muito abaixo da inflação.
Estes problemas são irrelevantes para quem não gosta de investimentos mais arriscados, afinal, a única alternativa de um investimento seguro e que não tem estas “desvantagens” é a poupança…então praticamente não existe outra alternativa.
Mas não acontece o mesmo com o investidor de ações. Este se depara com algumas decisões difíceis.
Quando as taxas do Tesouro Direto (e de outros tipos de investimentos) estão atraentes, as ações geralmente também estão!
Quando os investidores internacionais estão injetando muito dinheiro no Brasil, o Tesouro não precisa aumentar as taxas dos títulos para captar dinheiro. Quando os investidores estão fugindo com o seu dinheiro do país, o dólar sobe (graças a oferta e demanda) e as taxas dos títulos também, buscando atrair capital estrangeiro!
E quando os investidores estão fugindo do país, inevitavelmente eles também VENDEM as suas ações, jogando o preço lá embaixo!
Normalmente os investidores amadores esperam a Bolsa de Valores ter uma ótima rentabilidade para comprar as ações, mas a hora de fazer isso é quando a bolsa está tendo um histórico de péssima rentabilidade e as ações já despencaram muito!
Então qual é a solução para este problema?
Geralmente eu divido o meu capital (não recomendo para todos desta maneira) em:
- 40 a 80% em ações;
- 10 a 20% em Poupança
- 0 a 20% no Tesouro Direto
Como isso funciona?
- Sempre tenho no mínimo 40% em ações.
- Quando as ações estão muito atraentes, posso alocar 80% de todo meu capital.
- Quando as ações estão caras, tenho os 40% em ações e divido os 60% que sobram entre Poupança e Tesouro Direto. Geralmente 40% de todo o capital para Poupança e 20% no Tesouro Direto. Ficando assim 40% em ações; 40% em Poupança e 20% em TD.
- Só tiro o meu dinheiro do Tesouro Direto se as ações ficarem muito interessantes. Como chegou a ficar na crise de 2009 e nesta de agora. Assim deixo numa proporção 80-10-10. Lembrando que sempre tenho 10% para o Fundo de Emergência na Poupança.
Atualmente não tenho nada no Tesouro Direto. As ações me atraem mais. Mas não recomendo isso para todos os perfis de investidores.
A renda fixa no Brasil, segundo Luiz Barsi, é na verdade Perda Fixa. Ele diz na sua entrevista que a inflação, ou seja, a perda do poder de compra é muito maior do que os índices medidos pelo governo. E eu acredito nele.
Portanto eu coloco uma pequena parte no Tesouro Direto apenas até surgir outra boa oportunidade de compra de ações.
Em relação a divisão entre os tipos de investimento, você deve ter em mente que cada um tem uma necessidade e gastos diferentes. Um pai de família com muitas obrigações financeiras NUNCA deve colocar 80% de todo o seu capital em ações!!! Afinal, ele pode precisar de mais que 20% do seu capital para alguma emergência, e o seu dinheiro pode ficar preso na bolsa por um tempo.
Cada um deve analisar o seu próprio perfil e chegar conclusão sobre a proporção certa de alocação de capital.