A SPC Brasil fez uma pesquisa nacional que foi divulgada pela Exame com mais de 800 consumidores, homens e mulheres, de todas as classes sociais pelo Brasil afora.
A pesquisa mostrou o que muito de nós já suspeitavamos: o brasileiro não tem conhecimento financeiro.
A pesquisa mostrou que:
- A caderneta de Poupança continua sendo o “investimento” preferido por 69,5% dos brasileiros.
Deixei o investimento entre aspas porque é ridículo considerar uma poupança como investimento na situação econômica atual. Com esta inflação, colocar dinheiro na poupança é o mesmo que QUEIMAR dinheiro. O rendimento é negativo.
- O desejo de evitar perdas é o motivo de 56,1% dos “investidores” colocar o seu dinheiro na poupança
Interessante. Mal sabem eles que a partir do momento que já colocam o dinheiro lá, o dinheiro já estará sendo perdido. Tesouro Direto é um investimento com um risco tão baixo quanto, e oferece um rendimento real. Sim, eu sei que o Tesouro Direto não conta com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), mas a economia teria que ficar tão ruim que os bancos quebrariam primeiro que o país. Então dá na mesma. Se chegar ao ponto do país não honrar as suas dívidas, nem o FGC honrará.
- Além da poupança, 28,8% dos brasileiros investem em imóveis e 8,9% aplicam em planos de previdência privada. Em ambos os casos, a segurança também é a principal justificativa para a escolha.
Cada tipo de investimento tem a sua melhor época. Imóvel é um investimento de época. Tem época que vale mais a pena que renda fixa, tem época que é pior do que renda fixa. Previdência Privada eu considero um investimento tão ruim quanto a poupança. Eu nem chamo isso de investimento.
- 5,9% dos entrevistados aplicam dinheiro em fundos de investimento, que são escolhidos principalmente pela indicação do gerente do banco (33,8%).
Esta é uma das melhores opções pra quem tem preguiça de pesquisa sobre investimentos. Mas ainda assim vale a pena a verificar alguns itens como: taxa de administração cobrada, taxa de desempenho (se for o caso), tipos de investimentos.
Eu só investiria em fundo de investimentos que investe no índice Bovespa. Não confio em um fundo que investe em small caps. Se for para arriscar assim, prefiro arriscar eu mesmo.
Não invisto em fundo que investe em fundo imobiliário. A maioria dos fundos imobiliários não valem a pena. As taxas de administração cobradas são grandes, etc. Aliás, não invisto em fundo imobiliário de jeito nenhum. Se eu tiver dinheiro o suficiente, prefiro comprar o meu próprio imóvel e administrar. Se eu não tiver, prefiro investir em renda fixa (pra não falar em ações).
Não invisto em fundo que tem uma participação grande em câmbio ou qualquer outro tipo de investimento especulativo. O motivo é óbvio: mais cedo ou mais tarde você terá prejuízo.
- Entre os brasileiros que investem em dólar (5,5%), 22,9% apontam que o objetivo é obter rentabilidade sem arriscar muito.
Este item só me diz uma coisa: 22,9% dos brasileiros que investem em dólar, não entendem nada sobre investir em moeda. Este tipo de investimento é intrinsecamente muito arriscado porque é especulativo. O dólar não produz. Se você guardar um dólar na gaveta, ele continuará valendo um dólar daqui a 10 anos. Ao investir em moeda você estará especulando sobre o seu valor no futuro.
- Outros investimentos citados pelos entrevistados no levantamento são CDBs (1,8%), Tesouro Direto (1,6%), LCI (0,8%) e a bolsa de valores (0,4%)
Considero Tesouro Direto, LCI e LCA como os melhores investimentos atualmente. Sou mais fã do Tesouro Direto que pode resgatar antes do prazo. LCI e LCA costumam ter pelo menos 90 dias de carência. Não gosto da ideia de não poder tirar meu dinheiro quando bem entender. Ainda mais em uma economia tão volátil quanto a brasileira.
Bolsa de valores é para pouco. É para quem gosta de ler sobre investimentos. Quem se interessa por este assunto. Quem não tem preguiça de pegar um livro de 600 páginas sobre isso e ler.
FREQUÊNCIA DE INVESTIMENTO
- 32,2% realizam depósitos mensais em aplicações financeiras, enquanto 36,6% não têm frequência certa para aplicar o dinheiro.
Não julgo quem não consegue investir todo mês. Mas todo mundo deveria fazer uma forcinha para que isso aconteça. Isso é que nem ir na academia. Sei que tem pessoas com uma vida bem mais difícil que outras, mas se tiver disciplina, dá para fazer. Até porque qualquer valor já é melhor que nada.
- Em média, os investidores aplicam o dinheiro cinco vezes por ano. Considerando o último mês anterior à pesquisa, a média de valor do depósito realizado foi de 418 reais.
E tem pessoas que conseguiriam poupar muito mais que isso e dizem que “o valor é tão pouco que não fará diferença na minha vida. Prefiro gastar agora…” pffff!
- Quando recebem um dinheiro a mais, como o 13º salário e a participação nos lucros e resultados (PLR), menos da metade dos entrevistados (41,3%) costuma economizar, poupar ou investir o valor e 32,8% usam os benefícios para pagar dívidas e organizar a vida financeira.
A maioria das pessoas que poupam todo mês não precisarão pagar dívidas ou organizar a vida financeira, esta é uma das vantagens de poupar, mesmo um pequeno valor.
- Os entrevistados afirmaram que investem principalmente para: proteger-se contra imprevistos, como doenças ou morte (28,6%); garantir um futuro melhor para a família (28%); acumular uma reserva financeira para o período da aposentadoria (21,5%); comprar um imóvel (21,2%); e criar uma reserva de emergência para o caso de ficar desempregado (19,5%).
Acho que estes argumentos deveriam convencer qualquer um a começar a poupar…
- Entre os brasileiros que não possuem qualquer tipo de poupança ou investimento, 61,9% apontam que o principal motivo para não aplicarem o dinheiro é o fato de não sobrar recursos. Já 20,7% não acreditam que será possível economizar um valor expressivo no longo prazo e 9,9% afirmam não ter disciplina para economizar.
E a maioria é desculpa esfarrapada. Como diz os gurus de investimento, ao receber o seu salário, primeiro você se paga, depois você paga o resto. E o que é se pagar? É investir ou poupar.
Ao receber o salário mensal, o correto é retirar um valor (por exemplo, 10% do total) antes de pagar as suas contas e tudo mais. Se você não consegue tirar 10%, tire 5% que seja. Economize com alguma coisa que te possibilite começar a poupar nem que seja 10 reais por mês.
O equilíbrio também é necessário. Tem pessoas que poupam tanto que deixam de viver o agora. Mas só você saberá encontrar o seu equilíbrio de acordo com a sua renda e estilo de vida.
- Em caso de dificuldades financeiras, 46,3% dos entrevistados afirmaram que recorreriam a recursos acumulados na poupança ou outro tipo de aplicação para solucionar os problemas. Outros 18,2% fariam um empréstimo e 8,7% ficariam endividados por não terem recursos guardados para essa situação.
Esta pesquisa mostra que o brasileiro não sabe lidar com dinheiro. Porque temos a cultura de que é feio conversar sobre dinheiro.
Os governantes enchem a boca para falar que tiraram milhões da pobreza. Isso realmente é um feito admirável. Mas e quantos permaneceram para o resto de suas vidas fora da pobreza? Tirar é muito mais fácil do que manter fora.
E o passo mais importante para que muitas pessoas não voltem a serem pobres novamente é EDUCAÇÃO. Todas as escolas deveriam educar financeiramente as crianças. Deveriam ensinar a poupar, deveriam ensinar sobre investimentos. Deveria mostrar que ser consumista não é sinônimo de ser feliz. E deveria mostrar também que ser rico não é feio, não é ruim. Feio é prometer e não cumprir, é roubar, é enganar e manipular como a maioria dos nossos políticos andam fazendo.