Louis Zamperini foi um americano que viveu entre os anos de 1917 e 2014. Ele foi protagonista de uma das maiores histórias de sobrevivência do mundo. Foi atleta olímpico e Capitão da Força Aérea Americana na Segunda Guerra Mundial — chegando a ser declarado morto em batalha, coisa que não aconteceu.
Começou a correr para não se meter em confusões.
Louis Zamperini foi um garoto rebelde. Começou a fumar aos cinco anos, catando guimbas de cigarro pelas ruas. Começou a beber aos oito anos, quando escondia restos de vinho embaixo da mesa de sua casa. Fazia pequenos furtos e brigava constantemente na rua.
Para a sua sorte, o seu irmão Peter era corredor na escola, e encaminhou Louis para se tornar também um corredor e parar de se meter em confusão. “Peter me disse que eu deveria parar de beber e fumar se eu quisesse me sair bem.” Louis disse a Running Times Magazine, “e que eu deveria correr, correr, correr.” Peter já era uma estrela do seu time. “Eu decidi naquele verão apostar todas as fichas. Do dia para a noite eu me tornei fanático. Eu não tomava nem um milk-shake.”
Conheceu Adolf Hitler nas Olimpíadas de Berlim de 1936.
Louis Zamperini se tornou um fenômeno em provas de cinco quilômetros. Acabou sendo classificado para correr nas Olimpíadas de Berlim. Apesar de ter chegado em oitavo por problemas na preparação para a prova, Louis chamou atenção de Hitler quando deu a última volta em um tempo assustador — de apenas 56 segundos. Curioso, Hitler pediu para que chamassem Louis em seu camarote, e apertou a sua mão dizendo “Ah, você é o garoto com a volta mais rápida.”
Louis Zamperini foi mal ao longo da prova, mas ele conseguiu dar a última volta em 56 segundos quando se lembrou de uma frase dita pelo seu irmão alguns anos antes: “Um momento de dor vale a vida inteira de glória.”
Foi convocado para a Segunda Guerra Mundial, e caiu no mar com mais 10 companheiros em uma missão de busca.
Zamperini foi convocado para a Força Aérea Americana. Em maio de 1943, ele e sua equipe foram convocados para buscar um avião americano que havia desaparecido. A falta de sorte fez com que o seu próprio avião apresentasse problema nos dois motores. Eles caíram no mar, e oito tripulantes morreram. Apenas Louis Zamperini e mais dois sobreviveram a queda, e eles permaneceram a deriva em dois botes salva-vidas.
Obs: naquela época era comum mortes por falhas técnicas ou humanas. Mais de 55 mil soldados americanos morreram ao longo da Segunda Guerra Mundial por causa desses problemas.
Um dos sobreviventes comeu todas as barras de chocolate ao longo da noite.
Louis Zamperini havia combinado com os dois integrantes que o chocolate deveria ser regrado por alguns dias até eles serem encontrados. Mas infelizmente um deles não era de confiança e estava muito abalado psicologicamente — Louis inclusive teve que dar um tapa em seu rosto para ele parar de repetir sem parar “Nós vamos morrer!”. Então na primeira manhã após a queda, Louis acordou e viu todos os pacotes abertos. Francis Mcnamara comeu as seis barras de chocolate enquanto os companheiros dormiam. Louis e seu outro companheiro Phil ficaram abalados, mas depois se acalmaram, porque tinham esperanças de serem resgatados em breve.
Um avião sobrevoou a área em que eles estavam, mas não conseguiu enxergá-los.
“É estranho”, disse Louis Zamperini. “Do céu a centenas de pés de altura, um bote se parece com um boné, e eles não viram a gente.”
Eles mataram um albatroz que pousou no bote, mas não conseguiram comer.
A ave tinha um gosto e cheiro horrível e eles estavam fazendo vômito. Mas eles usaram seus pedaços como isca para pescar um pequeno peixe, que não foi suficiente e eles continuaram com uma fome avassaladora a medida que o tempo passava. “Quando outro albatroz pousou eu falei para os rapazes” disse Louis Zamperini, “Nós temos que comê-lo. E então esse outro nós devoramos como um sundae, estava simplesmente delicioso.”
Eles foram atacados por tubarões.
Desde os primeiros dias a deriva, os tubarões começaram a incomodar os sobreviventes. Eles chegavam tão perto do bote que era possível tocá-los com as mãos. Louis relatou que eles tinham cerca de 1,80 a 6 metros de comprimento — eram tubarões brancos.
Eles conseguiam sentir o tremor no fundo do bote, quando os predadores raspavam as suas barbatanas. Os tubarões batiam o rabo no bote, empurrava com o nariz, e as vezes até pulavam tentando abocanhar um dos homens. E os sobreviventes retribuíam, batendo nos tubarões com remo e dando soco com as próprias mãos.
Posteriormente eles conseguiram capturar dois pequenos tubarões e comer as partes que davam para ser aproveitadas.
Após 27 dias a deriva, eles foram atacados por japoneses.
Os japoneses sobrevoaram os botes que eles estavam e atiraram contra Louis, Phil e Mcnamara. Os botes furaram e eles tiveram que remendar os furos. Um dos botes ficou inválido, e foi usado como cobertura para o segundo bote. Os três homens tiveram que dividir um bote que era feito para duas pessoas. E além disso, tinham que emendar furos e encher o bote constantemente, já que estavam sempre sofrendo investidas de tubarões.
Obs: os japoneses negaram o ataque posteriormente, alegando que isso infringiria o código de honra militar. Mas os japoneses violaram o código várias vezes ao longo da Segunda Guerra.
…e então eles passaram mais 20 dias a deriva no mar, totalizando 47 dias, recorde na época…
Francis Mcnamara, o ladrão de chocolates, começou a perder a lucidez e sobreviveu por apenas 33 dias, morrendo de desidratação e fome. Louis Zamperini e Phil também tiveram certeza que a falta de fé e otimismo apressou a morte de Mcnamara. Eles fizeram um pequeno ritual de despedida e jogaram o seu corpo no mar.
Louis Zamperini e Russen Allen Phil perderam a metade ou mais do peso corporal quando foram resgatados…pelos inimigos japoneses!
Louis estava com 70kg quando pesou antes da missão de busca. Quando ele foi resgatado, estava pesando algo entre 30kg a 39kg. “Quando eles nos colocaram na cela, eu olhei para os meus joelhos, meus ossos e minha pele e comecei a chorar. Eu era atleta, eu me lembrei de quando era forte e musculoso, e ali estava apenas pele e osso, isso trouxe lágrimas para os meus olhos.” disse Louis.
Eles foram levados para A Ilha da Execução.
Essa ilha ganhou o apelido porque 9 marinheiros americanos já haviam sido decapitados nela. “Eles tinham um enorme prazer em nos dizer que seríamos executados. E eles sempre faziam aquele gesto, passando o dedo no pescoço e coisas do tipo…todas as manhãs nós acordávamos e esperávamos. Bem, este é o dia — este é o dia em que seremos executados.” disse Louis a 60 Minutes.
A condição das celas no campo de prisioneiros de guerra era deplorável.
“A pior parte de estar na cela era o submarinista”, Louie revelou em uma entrevista a CBN. “O submarino vinha e claro, eles nunca viam um prisioneiro. Então eles mal podiam esperar, eles faziam uma fila em frente a sua cela, 75, 80 homens alinhados como se fossem para uma estreia de filme. E todos eles xingavam você, jogavam pedras ou cutucavam com gravetos, cuspiam. Você sabe, lá estava você com 30kg, com diarreias constantes, morrendo de fome, eles jogavam uma bola de arroz, eles não davam ela a você. Ela caia no chão. Você tinha que passar horas catando cada grão que estava misturado na terra. Parecia que aquela fila nunca acabava.”
Em três ocasiões Louie tomava injeção e foi usado como cobaia em experimentos médicos. Ele tinha que descrever os efeitos que sentiam em seu corpo para os seus captores. Louis contou que sentia tontura e seu corpo ficava cheio de manchas vermelhas. Os médicos só paravam quando ele estava prestes a desmaiar.
Foi absurdamente torturado pelo “The Bird”.
Louis Zemperini conheceu o Sargento Mutsuhiro Watanabe (vulgo “O Pássaro”) no campo de prisioneiros de guerra chamado Omori. Posteriormente, ambos foram transferidos para o Naoetsu, o campo de prisioneiros mais infernal do Japão.
“The Bird” torturava os prisioneiros (e principalmente Louis, sua obsessão) de forma tão implacável que eles tinham pesadelos e pavores constantes. Ele batia em um prisioneiro por horas, e então logo depois ele os abraçavam e oferecia cerveja, doces e cigarros. E então ele chorava e prometia que aquilo nunca mais iria se repetir. Horas depois, ele voltava a espancar e torturar novamente o mesmo prisioneiro.
The Bird foi considerado um sádico sexual que satisfazia os seus desejos punindo os prisioneiros de guerra. Além disso, ele era frustrado por nunca ter conseguido se tornar um oficial do exército. The Bird batia nos prisioneiros todos os dias causando todos os tipos de lesões. Uma vez ele bateu tão forte em Louis com uma fivela de cinto, que Louis desmaiou e ficou surdo do ouvido esquerdo por várias semanas.
Outra vez ele obrigou Louis a segurar um tronco de árvore acima da cabeça, para puni-lo por ele ter ido ao médico sem a sua autorização devido a uma grave disenteria bacteriana. The Bird deu ordens para os guardas atirarem em Louis caso ele deixasse o tronco cair. Enquanto isso, ele ficava rindo e zombando de Louis, mas logo ele percebeu que aquele estava se tornando um momento em que Louis estava lhe desafiando. Após segurar o tronco por 37 minutos, The Bird deu um soco no estômago de Louis e o tronco caiu na cabeça de Zamperini. Louis desmaiou por um momento.
The Bird entrou pra lista do General Douglas McArthur como o número 23 dos criminosos de guerra mais procurados entre 40.
Mesmo após voltar para a casa, o campo de prisioneiros ainda atormentava a cabeça de Louis Zamperini…
Louis voltou para a casa após o término da guerra, e passou um bom tempo sem cumprir a promessa de dedicar o resto da sua vida a Deus. Ele tinha pesadelos constantes com The Bird. Em uma noite, Louis chegou a estrangular a sua esposa Cynthia, porque pensou estar estrangulando o seu antigo carrasco durante o sonho.
Ele passou a beber muito e seu casamento foi abalado. “Era tudo o que fazia”, disse Louis. “Eu descobri que quanto mais eu bebia, melhor eu dormia a noite. Eu saia todas as noites e ficava bêbado. A minha esposa se recusou a continuar comigo assim, e então decidiu pedir o divórcio, e teve todo direito.”
Cristã, Cynthia fez uma última tentativa e conseguiu convencer Louis a frequentar um culto evangelista. Ele acabou se tornando cristão e retomando a promessa que havia feito a Deus quando estava a deriva no mar. Só assim ele foi capaz de perdoar os seus torturadores. “Eu tinha pesadelos com o The Bird todas as noites desde a guerra e após ela, e na noite que eu decidi me tornar cristão eu nunca mais tive pesadelos, desde 1949. Isso é uma espécie de milagre” relatou Louis a CBN.
Louis Zamperini voltou ao Japão para carregar a tocha olímpica de 1988, e convidou The Bird para um encontro…
O seu carrasco recusou o encontro. Zamperini escreveu inclusive uma carta para entregar a The Bird, que em uma linha estava escrito, “…eu dediquei a minha vida a Cristo. O amor substituiu o ódio que eu tinha de você. Cristo disse, ‘Perdoe os seus inimigos e reze por eles.’
E assim viveu Louis Zamperini pelo resto de sua vida…
Zamperini se tornou evangelista, e um dos seus temas recorrentes se tratava de perdão. Ele visitou muitos companheiros do campo de prisioneiros para dizer a eles que eles deviam perdoar os seus malfeitores.
Ele apareceu em diversas entrevistas e foi homenageado nas Olimpíadas do Japão, onde correu bem próximo de onde ficou preso.
Louis teve uma filha e um filho e permaneceu casado com Cynthia até o ano de 2001, quando a sua esposa faleceu. Ele morreu aos 97 anos, em 7 de Julho de 2014, em sua casa em Los Angeles.
Sem dúvida o melhor livro de sobrevivência e superação que já li!
Leia o livro “O Invencível”, que originou o filme de mesmo nome, dirigido por Angelina Jolie, você pode comprar neste link:
Particularmente eu gostei muito mais do livro do que do filme!
As melhores frases de Louis Zamperini
“Perseverar, eu acho, é importante para todo mundo. Não desista, não se entregue. Sempre existe uma resposta para tudo.”
“Eu acho que a coisa mais difícil na vida é perdoar. O ódio é autodestrutivo. Se você odeia alguém, você não está machucando a pessoa que você odeia, você está se machucando. É uma cura, na verdade, é uma verdadeira cura…o perdão.”
“Tudo o que eu quero dizer para os jovens é que você não será nada na vida a menos que aprenda a se comprometer com um objetivo. Você deve olhar fundo para si mesmo para ver se você está disposto a fazer os sacrifícios.”
“Por mais escura que seja a noite, por mais turva que seja a nossa esperança, a luz sempre seguirá a escuridão.”
“As pessoas me dizem, ‘Você é tão otimista’. Eu sou otimista? Um otimista diz que o copo está metade cheio. O pessimista diz que o copo está metade vazio. O sobrevivente é prático. Ele diz, “Chame do que quiser, mas apenas encha o copo”. Eu acredito em encher o copo.”
“Ainda assim uma parte de você ainda acredita que você pode lutar e sobreviver, não importa o que a sua mente conheça. Não é estranho. Onde existe vida, existe esperança. O que acontece é com Deus.”
“Aquele que perdoa nunca traz de volta o passado para aquele que perdoou. É como se nunca tivesse acontecido. O perdão verdadeiro é total e completo.”
“Isso é uma coisa que você aprende nos esportes. Você não desiste; você luta até o fim.”
“Para viver, um homem precisa de comida, água, e uma mente afiada.”
“Mesmo na minha idade, eu estou tentando melhorar. Nunca desista, não importa o que aconteça. Mesmo se você chegar em último lugar — termine.”
“As pessoas dizem, no bote, você deve ter alucinado. Bobagem. Nós estávamos mais lúcidos após 47 dias do que no dia que nós caímos porque as nossas mentes estavam vazias de toda a guerra e contaminação; nós tínhamos uma mente limpa para ser enchida de bons pensamentos. Todos os dias nós exercitávamos nossas mentes.”
“A auto-estima não pode fazer você vencer uma corrida se você não estiver em forma.”
“Eu sempre fui chamado de Louie sortudo. Não nenhum mistério o porquê.”
“Tudo que eu sabia era que aquele ódio era tão mortal quanto qualquer veneno e não fazia nenhum bem. Você tinha que controlá-lo e eliminá-lo, se pudesse.”
“O mundo, nós descobrimos, não ama você quanto a sua familia te ama.”
“Deus tem me dado tanta coisa. Ele espera muito de mim.”